As Baterias Show e o conceito de Mundo Artístico de Becker: será que dá samba? – Amplificar

As Baterias Show e o conceito de Mundo Artístico de Becker: será que dá samba?

Resumo

A minha proposta ao realizar este artigo é a de fazer uma reflexão sobre a possibilidade de podermos ou não considerar as baterias show como constituindo um mundo artístico próprio, nos termos apresentados pelo sociólogo Howard Becker em diferentes textos sobre este conceito, ou se esse grupo musical seria apenas parte de um mundo artístico, englobado principalmente pelas escolas de samba e suas baterias e/ou pelo chamado grupo show, que realiza apresentações que reúnem não só os componentes de uma bateria show, mas também mulatas, passistas, mestre sala, porta bandeira, além de outros atores sociais que circulam no universo do samba. A partir da caracterização das baterias show e da entrevista com um ritmista que toca há mais de três décadas em escolas de samba cariocas, foi possível levantar alguns dados preliminares para serem comparados com alguns mundos artísticos pesquisados anteriormente, tais como: o mundo funk carioca que, entre outros acadêmicos, foi estudado em diferentes épocas pelos antropólogos Hermano Vianna (1997) e Adriana Lopes (2011); além do mundo dos cuartetos de Córdoba, investigado por outro antropólogo, Gustavo Blázquez (2008), além de outros musicólogos argentinos. Ao observar as investigações produzidas sobre esses mundos artísticos, tendo especial atenção a visão compartilhada de que a arte é fruto de uma ação coletiva, pretendo trazer reflexões para minha pesquisa etnográfica de doutorado, ainda nos seus primeiros passos, a respeito da influência das baterias shows no processo de construção das carreiras dos ritmistas vinculados às escolas de samba situadas na cidade do Rio de Janeiro.

‘Baterias Show’ and Becker’s Concept of Art Worlds: Can it Be?

My proposal in this text is to make a reflection on whether or not we can consider the ‘baterias show’ as constituting an ‘art world’, in the terms presented by Howard Becker in different texts (1977a, 1977b; 1982), or if this musical group would only be part of an ‘art world’, encompassed mainly by samba schools (escolas de samba) and their musicians and/or the ‘group show’, which conducts presentations that bring together not only the musicians, but also other actors that belongs to the universe of samba. From the presentation of the ‘baterias show’ and an interview with a former percussionist of samba schools, it was possible to gather some preliminary data to be compared with some ‘art worlds’ previously investigated, such as: the ‘art world’ of funk carioca, that among others scholars, was studied at different times by Vianna (1997) and Lopes (2011); beyond the ‘art world’ of cuartetos de Córdoba, investigated by Blázquez (2008), and musicologists from Argentina. By observing the research produced on these ‘art worlds’, paying particular attention to shared view that art is the result of a collective action, I intend to bring my reflections to my ethnographic doctoral research, still in its beginning, about the influence of ‘baterias shows’ in building the careers of musicians tied to the samba schools of Rio de Janeiro.

As informações apresentadas acima usam a grafia do original.