Visualidade e metodologia composicional: desenhos e escrita musical como estágios do processo criativo – Amplificar

Visualidade e metodologia composicional: desenhos e escrita musical como estágios do processo criativo

Resumo

A utilização de desenhos como primeira etapa do processo composicional, anterior à formalização da escrita musical, pode ser observada no processo criativo de compositores como Xenakis e Sciarrino. Observar o processo destes compositores nos permite pensar uma abordagem metodológica na qual as imagens sonoras são inicialmente trabalhadas por meio de manipulações da ordem do visual e, posteriormente, tornadas sonoras através das ferramentas da escrita musical. Em Percussivo (2012), de Tadeu Taffarello, o desenho foi o local de organização e manipulação de sons contínuos e percussivos na flauta baixo. Contudo, na passagem para a escrita musical, o final da peça tornou-se diferente do planejado no desenho por consequência da utilização de diferentes superfícies de registro como espaço de manipulação (desenho e escrita musical). Explorar desvios como estes durante o processo criativo pode-se tornar outra possibilidade, inclusive quando imagens sonoras e visuais são construídas passo a passo e se influenciam reciprocamente. A este processo chamamos intermodulação entre os meios empregados, o que foi explorado conscientemente no processo de composição de Escondido num ponto (2012), de Alexandre Ficagna. A influência recíproca dos espaços de manipulação utilizados não apenas prolifera possibilidades de fabulação, como nos leva a pensar a própria metodologia composicional.

Using drawings as the beginning of a compositional process, prior to the musical writing formalization, can be observed in the creative process of composers such as Xenakis and Sciarrino. The observation of their processes allows us to think a methodological approach where sonic images are first constructed through manipulations of a visual order, and later turned into sound by musical writing tools. In Percussivo (2012), by Tadeu Taffarello, the drawing becomes a place of manipulation and organization of percussive and continuous sounds in the bass flute. However, due to the passing of the process to musical writing, the piece’s ending becomes different than planned because of the use of different mediums as manipulation spaces (drawings and musical writing). To explore diversions like these during the creative process can create another possibility, also when sonic and visual images are built with reciprocal influence. We call this an intermodulation between the surfaces employed, which was consciously explored in the compositional process of Escondido num ponto (2012), by Alexandre Ficagna. The reciprocal influences between the used manipulation spaces not only proliferates possibilities of fabulation, but also lead us to think about the compositional methodology itself

As informações apresentadas acima usam a grafia do original.