Memória e patrimônio musical do choro de Porto Alegre: tensões e intenções entre tradição e modernidade – Amplificar

Memória e patrimônio musical do choro de Porto Alegre: tensões e intenções entre tradição e modernidade

Resumo

Na cidade de Porto Alegre, hoje encontramos músicos e grupos musicais identificados à velha guarda do choro (Plauto Cruz, Darcy Alves, Luiz Machado e Grupo Reminiscências, Clube do Choro), bem como surgidos nas décadas de 1980 e 1990 (Henry Lentino, entre outros) e a partir de 2000 (Yamandú Costa, entre outros) em sintonia com as novas tendências da música instrumental aliadas ao gênero. Agudizados desde os anos noventa, a globalização e as desterritorializações, desencadearam, também entre os chorões da cidade, uma pluralidade de possibilidades de representações da tradição em termos de fragmentações e pertencimentos identitários. Este artigo, baseado em uma etnografia musical, visa a discutir o movimento de choro em Porto Alegre a partir de criação, transmissão e performances por diferentes gerações de chorões e o gênero enquanto memória e patrimônio musical da cidade, buscando entender o(s) sentido(s) do passado e levando em conta a heterogeneidade e complexidade da vida social das cidades. Os veículos de comunicação e informação e os espaços socioculturais têm valores diferenciados conforme as épocas e sociedades. O que procurei mostrar aqui é que, se no passado os chorões privilegiavam as performances ao vivo e o rádio foi mídia dominante na promoção de suas carreiras individuais e coletivas, hoje para as novas gerações, o registro fonográfico e mais recentemente a disponibilização de arquivos musicais online, tornou-se fundamental. Assim, o choro, atualmente, trata-se, de gênero musical plenamente em diálogo com a modernidade de outras formas musicais atuais, e também históricas, tal qual tango argentino, por exemplo, onde diferentes possibilidades de representações e pertencimentos individuais e sociais são e foram possíveis e não excludentes.

Today in Porto Alegre, we find musicians and musical groups identified as choro players of the old generation (Plauto Cruz, Darcy Alves, Luiz Machado e Grupo Reminiscências, Clube do Choro), of the 1980s and 1990s (Henry Lentino, among others), and of the post-2000s who are tuned to the new tendencies of instrumental music related to the genre (Yamandú Costa, among others). Since the 1990s, globalization and the erasing of rigid territorial boundaries developed among choro players (chorões) in the town, creating plural possibilities of representing tradition in terms of identity belongings and fragmentations. This paper, a musical ethnography, discusses the choro movement in Porto Alegre in relation to its creation, transmission and performance by different generations and as a genre of musical tradition and memory for Porto Alegre, seeking to understand the meaning(s) of the past and taking account of the heterogeneity and complexity of urban social lives. The media and sociocultural spaces have different values in different eras and societies. I tried to reveal here that, if in the past chorões’ live performances and radio broadcasts were the prominent media for promoting individual and group musical careers, today, for the new generations, recordings and more recently online digital dissemination have become fundamental. Thus, the choro today is considered a musical genre in dialogue with the modernity of other contemporary musical forms, as well as with historical styles, such as the tango, where different possibilities of representation and individual and group belongings are and were possible and not exclusionary.

As informações apresentadas acima usam a grafia do original.