Forma musical como um processo: do isomorfismo ao heteromorfismo – Amplificar

Forma musical como um processo: do isomorfismo ao heteromorfismo

Resumo

Este artigo se propõe a analisar a questão da forma musical a partir do momento em que temos, no início do século XX, uma ruptura com sua predeterminação, passando a se configurar como o resultado de diferentes operações ou processos de composição. Neste contexto, abordamos a noção de forma estatística, ligada ao isomorfismo e à continuidade entre as diferentes escalas temporais presentes numa obra musical (MEYER-EPPLER, 2009 [1954]; STOCKHAUSEN 1959; EIMERT, 1959) e ao princípio do grau de mudança (STOCKHAUSEN, 1989b [1958]; KOENIG, 1963, 1965), bem como a noção da forma como uma emergência, ligada ao heteromorfismo e à descontinuidade entre as diversas escalas temporais (VAGGIONE, 1994, 2010). Para tanto, trazemos como fundamentação teórica o método alagmático e o princípio da individuação das formas de Gilbert Simondon (2005), assim como as características morfológicas perceptivas de saliência (saillance) e pregnância (prégnance) de René Thom (1988, 1990a), além de sua teoria das catástrofes (THOM, 1985). No contexto proposto, a fusão de timbres é pensada como um processo alagmático gerador de novas formas, sendo analisada a partir de diferentes possibilidades tais como por jitter (DUBNOV; TISHBY; COHEN, 1997), síntese granular, permeabilidade (LIGETI, 2010a [1958]), micropolifonia (LIGETI, 2010c [1980]) e convolução (ERBE, 1997; JAFFE, 1987; ROADS, 1993; VAGGIONE, 1996). Concluímos a respeito dos processos de fusão analisados não apenas considerando-os isoladamente, mas como operações que propiciam o nascimento da forma musical, afirmando o pensamento da forma como um processo e não como algo definido a priori.

Musical Form as a Process: From Isomorphism to Heteromorphism

This article intends to analyze the issue of musical form from the moment, in the beginning of the 20th century, there is a rupture with predetermination, when form begins to configure as the result of different operations or compositional processes. In this context, we address the concept of statistical form that is linked to isomorphism and continuity within different temporal scales found in a work of music (MEYER-EPPLER, 2009 [1954]; STOCKHAUSEN, 1959; EIMERT, 1959) and to the principle of degree of alternation (STOCKHAUSEN, 1989b [1958]; KOENIG, 1963, 1965), as well as the idea of form as an emergence linked to heteromorphism and discontinuity within the various temporal scales (VAGGIONE, 1994, 2010). To this end, we use as a theoretical basis: Gilbert Simondon’s allagmatic method and the principle of form individuation (2005); and René Thom’s morphological characteristics of perception - saillance and prégnance (1988, 1990a) - and his catastrophe theory (1985). Within this context, timbre fusion is conceived as an allagmatic process that generates new forms. It is analyzed from various possibilities such as jitter (DUBNOV; TISHBY; COHEN, 1997), granular synthesis, permeability (LIGETI, 2010a [1958]), micropolyphony (LIGETI, 2010c [1980]) and convolution (ERBE, 1997; JAFFE, 1987; ROADS, 1993; VAGGIONE, 1996). In conclusion, we regard the fusion process analyzed not only in isolation, but also as operations that bring forth musical form, affirming the thought of form as a process and not something defined a priori.

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