O estúdio não é o fundo de quintal: convergências na produção musical em meio às dicotomias do movimento do pagode nas décadas de 1980 e 1990 – Amplificar

O estúdio não é o fundo de quintal: convergências na produção musical em meio às dicotomias do movimento do pagode nas décadas de 1980 e 1990

Resumo

Esta pesquisa teve por finalidade identificar convergências nos trabalhos de mediação dos produtores musicais envolvidos com o movimento do pagode nas décadas de 1980 e 1990. O samba apresentado nas rodas de pagodes nos anos de 1980, e que ficou comercialmente conhecido como pagode - ou "samba de raiz", mais recentemente -, é caracterizado por musicólogos como representante das comunidades restritas e da tradição do samba. Da mesma forma, os musicólogos costumam caracterizar os artistas que emergiram na década de 1990 - e que tiveram seus trabalhos classificados como pagode - como incorporadores de elementos estrangeiros e modernos ao samba, num "novo" pagode que ficou conhecido como "pagode romântico". A despeito destas dicotomias que envolvem o pagode, ao passar por um estúdio de gravação a música de ambos os segmentos (e períodos) reflete um processo de mediação; e as figuras dos produtores musicais são responsáveis por isso, no âmbito da indústria fonográfica. Utilizando-se da análise de fonogramas de artistas ligados ao pagode (de ambas as décadas) e de entrevistas semi-estruturadas com os produtores musicais daqueles artistas, foi possível identificar algumas estratégias, objetivos e padrões de produção musical que deixam as fronteiras préestabelecidas menos nítidas. Dessa forma pôde-se concluir que, além das dicotomias, há muitas convergências que permitem avaliar o pagode de maneira menos segmentária e mais independente do discurso moderno-tradicional, hibridoautêntico, nacional-internacional que vêm pautando os estudos sobre o assunto; e é quando se analisa o pagode sob o prisma do produtor musical que se identifica o mercado como diminuidor de fronteiras e integrador de pólos distintos.

This research aimed to identify convergences in mediation work of record producers during the movimento do pagode of the 1980s and 1990s. Samba made in the rodas de pagode in the 1980s, commercially known as pagode - more recently called rootsy samba -, is characterized by musicologists as the representative of restricted communities and samba tradition. Likewise, musicologists often characterize the artists that emerged in the 1990s - and had their work classified as pagode - as incorporators of foreign and modern elements to the samba, creating a "new" pagode which became known as "romantic pagode". Despite these dichotomies involving the pagode, passing the music of both segments (and periods) by a recording studio reflects a process of mediation and the figures of record producers are responsible for that within the music industry. Through the analysis of repertoire of artists connected with the pagode (in both decades) and semi-structured interviews with the record producers of those artists it was possible to identify some strategies, objectives and standards of record production that leave the pre-established boundaries less clear. Thus it can be concluded that besides the dichotomies there are many convergences for assessing the pagode in a less segmental speech - more independent of the modern-traditional, hybrid-authentic, national-international discussions that have been basing the studies on the subject. Analyzing the pagode through the prism of the record producers makes possible to identify the market as borders subtractor and distinct poles integrator.

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