Tempo musical e performance - um diálogo entre teoria e prática na interpretação

Esta pesquisa abordou o tempo musical pela perspectiva da fenomenologia, em virtude de sua ênfase na experiência subjetiva. Objetivou-se confrontar a prática da interpretação com a conceituação teórica sobre tempo musical, visando a construir subsídios para a performance. Os conceitos de tempo musical de Thomas Clifton (1983) e Jonathan Kramer (1988) e suas caracterizações sobre diferentes possibilidades temporais em música foram aplicados à concepção estrutural das obras e à sua interpretação. Conceitos ligados ao tempo musical, tais como direcionalidade, regularidade e memória, foram articulados com a análise e interpretação de obras de diferentes autores e estéticas, tocadas ao longo do doutorado: Intermezzo Op.117 nº1, de Johannes Brahms, La sérénade interrompue, de Claude Debussy, Leaf, de Luciano Berio e Uma camponeza cantadeira de Heitor Villa-Lobos. O intuito foi concretizar a conexão entre escuta/ performance das obras e reflexão teórica sobre o tempo, buscando desdobramentos desse diálogo na interpretação. Nossas conclusões sugerem princípios embasados teoricamente que podem contribuir para a interpretação da obra, entrelaçando tempo, significado e outros elementos da estrutura como integrantes da forma e do sentido. Esses princípios também se relacionam à dimensão expressiva da obra, propiciando novas possibilidades à performance.

This research approached musical time via phenomenology and its emphasis in the subjectiveexperience. It aimed to contrast the performance’s interpretation with the theoretical conceptof musical time in order to build subsidies for performance. Thomas Clifton (1983) andJonathan Kramer’s (1988) concepts of musical time and their characterizations about differenttemporal possibilities were applied to the structural conception of the pieces and theirinterpretations. Concepts related to musical time such as directionality, regularity, andmemory, were combined with the analysis, interpretation and performance of works bydifferent authors and aesthetics throughout the Doctoral studies: Intermezzo Op.117 nº1, byJohannes Brahms, La sérénade interrompue, by Claude Debussy, Leaf, by Luciano Berio andUma camponeza cantadeira by Heitor Villa-Lobos. The goal was to solidify the connectionbetween hearing/ performance of the pieces and the theoretical reflection about time,searching for possible unfoldings of this dialogue in the interpretation. Our conclusionssuggest that theoretical principles may contribute to the interpretation of pieces, tying time,meaning, and other structural elements as integral parts of form and meaning. Theseprinciples are also related to the expressive dimension of the pieces, allowing for newperformance possibilities.

Cette recherche s’est penchée sur le temps musical sous la perspective de la phénoménologie,vu l’importance attribuée par celle-ci à l’expérience subjective. Son but a été d’établir unparallèle entre la pratique de l’ interprétation et la conceptualisation théorique du tempsmusical, afin de procurer des possibilités à l’interprétation musicale. Les concepts du tempsmusical de Thomas Clifton (1983) et de Jonathan Kramer (1988) et leurs caractérisations surde différentes possibilités temporelles en musique ont été appliqués à la conception structuraleet à l’interprétation. Des concepts liés au temps musical, tels la directionnalité, la régularité etla mémoire, ont été articulés avec l’analyse et l’interprétation d’oeuvres de différents auteurset esthétiques, jouées tout au long du doctorat : Intermezzo Op.117 n° 1, de JohannesBrahms, La sérénade interrompue, de Claude Debussy, Leaf, de Luciano Berio, et Umacamponesa cantadeira, de Heitor Villa-Lobos. Le propos a été de concrétiser la connexionentre l’audition/interprétation des oeuvres et la réfléxion théorique sur le temps, en cherchantdes dédoublements de ce dialogue dans l’interprétation. Nos conclusions suggèrent desprincipes théoriquement basés qui peuvent contribuer à l’interprétation de l’oeuvre, enentremêlant temps, signification et d’autres éléments de la structure, en tant que partiesintégrantes de la forme et du sens. Ces principes ont rapport aussi à la dimension expressivede l’oeuvre, ce qui favorise de nouvelles possibilités à l’interprétation.