Mobilidade de temperamento em flautas de sistema simples a partir da Biblioteca da Imperatriz Leopoldina – Amplificar

Mobilidade de temperamento em flautas de sistema simples a partir da Biblioteca da Imperatriz Leopoldina

Resumo

Esta tese aborda, à luz das práticas históricas, a digitação em flautas de sistema simples, mecanismo que antecedeu o vigente sistema moderno de Boehm (1832-47). Como objeto, recorremos a partituras para flauta e piano editadas nos anos 1810, provenientes da biblioteca que pertenceu à austríaca D. Maria Leopoldina de Habsburgo, Imperatriz-consorte de D. Pedro I. Investigamos o percurso inicial da flauta (e dos flautistas) no contexto brasileiro, com foco no Rio de Janeiro, preâmbulo para o eixo fulcral da tese. Em uma das obras da coleção, a Sonata Op. 38, de August Eberhard Müller [ca. 1810], há uma prescrição interpretativa que exige diferenças de dedilhado entre notas enarmônicas – observância habitual na prática de instrumentos com mobilidade de temperamento, como a flauta –, que contrasta com a prática anterior. Este indício, que subverteu o tamanho dos intervalos entre as notas, tomaria forma nos primeiros decênios novecentistas quando alguns métodos para o instrumento passam a sugerir o efeito expressivo de estreitamento entre intervalos contíguos – descrito por Müller (1798), Berbiguier (1818), Drouët (1827), Lindsay [ca. 1828-1830], entre outros. Nosso objetivo é criar um prolífico painel da técnica digital e afinação no sistema simples, antes do pleno estabelecimento do temperamento igual.

This thesis discusses, in light of historical practices, fingerings on simple system flutes, a mechanism that preceded the current modern Boehm system (1832-47). As an object, we use music for flute and piano published in the years 1810, from the library that belonged to the Austrian D. Maria Leopoldina of Habsburg, Empress consort of D. Pedro I. We investigated the initial path of the flute (and flutists) in the Brazilian context, focusing in Rio de Janeiro, as a preamble to main subject of the thesis. In one of the works in the collection, the Sonata Op.38, by August Eberhard Müller [ca. 1810], there is a prescription that requires interpretive differences between enharmonic notes fingering – habitual observance in the practice of instruments with mobility of temperament such as the flute –, which contrasts with previous practice. This evidence, which subverted the size of intervals between the notes, would take shape in the early nineteenth-century decades when some methods for the instrument began to suggest the effect of "expressive" narrowing between adjacent intervals – described by Müller (1798), Berbiguier (1818), Drouët (1827), Lindsay [ca. 1828-1830], among others. Our goal is to create a prolific panel of digital technique and tuning in simple system flutes, before the full establishment of equal temperament.

Cette thèse examine, à la lumière de la pratique historique, doigtés aux flûtes avec système des mécanisme simple qui ont précédé le système Boehm moderne actuel (1832 -47). Comme objet, nous utilisons les partitions pour flûte et piano publiées aux années 1810, dans la bibliothèque qui a appartenu à l'Autrichienne D. Maria Leopoldina de Habsbourg, l'impératrice consorte de D. Pedro I. Nous avons étudié la trajectoire initiale de la flûte (et des flûtistes) dans le contexte brésilien en soulignant Rio de Janeiro, comme préambule pour le centre même de la thèse. Dans une des oeuvres de cette collection, la Sonate Op. 38, par August Eberhard Müller [ca. 1810], il ya une ordonnance d'interprétation qui exige des différences de doigté entre les notes enharmoniques – ce qui était habituel dans la pratique des instruments avec mobilité de tempérament, tels que la flûte –, et qui contraste avec la pratique antérieure. Cet indice, qui a renversé l’ampleur des intervales, va prendre forme dans les premières décennies du dix-neuvième siècle lorsque quelques méthodes pour l'instrument commencent à suggérer l'effet "expressif" de rétrécissement entre les intervalles adjacents – décrit par Müller (1798), Berbiguier (1818), Drouët (1827), Lindsay [ca. 1828-1830], entre autres. Notre objectif est de créer un tableau prolifique de la technique de doigté et d’accordement en flûtes avec système simple, avant la mise en place complète du tempérament égal.

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