Aprender improvisando: o papel da improvisação na aprendizagem da clarineta com crianças entre 6 e 11 anos – Amplificar

Aprender improvisando: o papel da improvisação na aprendizagem da clarineta com crianças entre 6 e 11 anos

Resumo

A improvisação ocupa um lugar de destaque em todas as linguagens artísticas. Na música é tema de interesse em praticamente todas as suas áreas, seja na performance, na educação musical, na musicoterapia ou na musicologia, permitindo que dialogue e se entrelace com aspectos da percepção, da análise, da composição, dos recursos tecnológicos. O presente trabalho trata da improvisação na área da música, mais especificamente na educação musical, com um foco preciso na aprendizagem instrumental, utilizando a clarineta como objeto de estudo O objetivo principal deste trabalho é compreender como uma turma de crianças de um projeto de extensão universitária constrói sua própria aprendizagem na clarineta utilizando a improvisação como ponto de partida para o desenvolvimento técnico e de outras habilidades musicais. O referencial teórico que fundamentou a compreensão dos processos vivenciados ao longo da pesquisa propôs, neste trabalho, que a improvisação fosse balizada sob três perspectivas teóricas: (a) recurso da performance musical, (b) processo criativo e (c) processo de aprendizagem. Partiu-se do princípio de que a aprendizagem dos conteúdos técnicos se dá paralelamente à aprendizagem das práticas criativas por meio de performances improvisadas inseridas no cotidiano das aulas. Dessa forma, se averiguou como atividades de improvisação podem contribuir ou não para estimular a aquisição da técnica. Para tal, esta pesquisa adotou como procedimento técnico o estudo de caso empregando como instrumentos para a coleta de dados o diário de campo, entrevistas individuais gravadas, produção de textos escritos pelos sujeitos e sessões de grupo focal. A técnica escolhida para interpretação e tratamento dos dados foi a análise de conteúdo, por meio da qual foram delimitadas três categorias de análise: (1) Solo: o que a criança entende como solo, (2) Percepção: como a criança se sente ao executar os solos e (3) Compreensão: como a criança considera a improvisação na sua aprendizagem da clarineta. Conclui-se que os suportes para improvisação mostram-se acessíveis em qualquer nível de aprendizagem e em variados contextos, seja em aulas individuais ou atividades coletivas. Os resultados evidenciaram um grande potencial das crianças ao demonstrarem conhecimentos sobre o sistema tonal, tais como tonalidade, harmonia, afinação e escalas. O papel da improvisação também se revela determinante na aprendizagem da clarineta porque a partir do momento em que a criança assimila e atribui significados aos conhecimentos técnicos e musicais do instrumento, desenvolve também a consciência do seu próprio discurso musical. Por fim, os resultados foram satisfatórios em relação aos objetivos estabelecidos sobre o papel da improvisação na aprendizagem da clarineta, pois quando as crianças utilizam a improvisação para criar um discurso musical próprio, que apresenta tanto elementos idiomáticos quanto de improvisação livre, elas atribuem significado aos conteúdos adquiridos, sendo capazes de reorganizá-los e reaplicá-los.

Improvisation occupies a prominent place in all artistic languages. In music is a topic of interest in virtually all areas, whether in performance, music education, music therapy or in musicology, allowing dialogue and interlace with aspects of perception, analysis, composition, technological resources. This research deals with improvisation in music, specifically in music education, with a sharp focus on instrumental learning, using the clarinet as an object of study. The main objective of this work is to understand how a group of children from a university extension project construct their own learning clarinet in using improvisation as a starting point for the technical development and other musical skills. The theoretical framework that grounded understanding of the processes experienced during the research proposed in this master thesis that improvisation was buoyed on three theoretical perspectives: (a) feature of musical performance, (b) creative process, and (c) the learning process. It was assumed that learning of technical content occurs parallel to learning creative practices through improvised performances inserted in the daily lessons. Thus, it was examined how improvisation activities may or may not contribute to stimulate the acquisition of technique. However, this research adopted as technical procedure using the case study as instruments to collect the logbook, recorded individual interviews, texts written by the participants and focus group data sessions. The technique chosen for interpretation and data analysis was content analysis, through which were delineated three categories of analysis: (1) Solo: what the child understands how solo, (2) Perception: how the child feels the perform solos and (3) understanding: as the child considers improvisation in their learning the clarinet. We conclude that the supports for improvisation show are accessible to any level of learning and in varying contexts, whether in individual classes or group activities. The results show a great potential for children to demonstrate knowledge of the tonal system, such as tonality, harmony, scales and tuning. The role of improvisation also proves crucial in learning the clarinet because from the moment the child assimilates and assigns meanings to technical and musical instrument skills also develops awareness of his own musical discourse. Finally, the results were satisfactory in relation to established goals on the role of improvisation in learning the clarinet, because when children use improvisation to create their own musical discourse, which presents both elements as idiomatic free improvisation, meaning they attribute to acquired content, being able to rearrange them and reapply them.

As informações apresentadas acima usam a grafia do original.