A composição musical entre a realização prática e sua narrativa: um estudo de caso

A presente dissertação busca em protocolos de composição – relatórios, depoimentos ou diários – fonte de estudo para o entendimento da mente musical criativa. Através de relatórios feitos concomitantemente ao ato de criação de duas obras, discutiu-se sobre seus processos composicionais. Na obra Raka, criada por Marcos Nogueira, pôde-se observar a categorização de decisões e o excepcional nível de detalhamento do registro da quase totalidade de seu processo composicional. E na composição Sonatina para Piano e Fagote, criada pelo autor desta dissertação, discutiu-se sobre as dificuldades, as “automatizações” e cotejou- se alguns pontos estruturais da obra, tomando como apoio sua análise formal, com o relatório. Embora cada obra apresente seu universo particular, foi possível apontar alguns aspetos comuns aos dois relatórios, vindo-se a sugerir também a importância da autoanálise, como mais uma ferramenta de entendimento do processo composicional a serviço do compositor.

This dissertation seeks in composition’s protocols – reports, testimonials or diaries – a source for a study towards the understanding of the musical creative mind. Through protocols written concomitantly with the creation of two works, we have discussed their compositional processes. In Raka, created by Marcos Nogueira, we have observed different decisions being grouped in broad categories by the author, as well as an exceptional level of detail in discussion of his compositional process. In Sonatina para Piano e Fagote, composed by the author of this dissertation, the discussion was focused in the difficulties found in writing it as opposed as to what has been called “automations”, in other words, what came about more spontaneously. Through the formal analysis of the Sonatina it was also possible to collate some of its structural points with the protocol. Though each of these works present a particular case, it was possible to point out some common aspects between both protocols. We conclude suggesting that a composer’s self-analysis might be a valuable tool for his understanding of his own compositional process.