A prática reflexiva na atuação do professor de piano

A sensibilidade, segundo Duarte Jr (1995), é fundante da conscientização do próprio eu, da capacidade de escolha e da capacidade crítica para selecionar e recriar valores segundo a situação existencial do educando. Propicia, no agir cotidiano, uma melhor integração de sentimentos, imaginação e razão possibilitando assim uma atitude mais harmoniosa e equilibrada perante o mundo. Trazendo esses conceitos para o processo de ensino do piano, questiono-me se a metodologia tradicionalmente adotada nas escolas de música, pautada em critérios de eficiência e produtividade, não estaria deixando de integrar melhor, à alta racionalidade técnica de sua atuação, a dimensão reflexiva e subjetiva do ensino. O objetivo desta pesquisa – de paradigma qualitativo, focalizando um estudo de caso e fundamentada teoricamente nos conceitos de prática reflexiva e na concepção construtivista piagetiana de educação – é propor que o professor de piano ofereça ao aluno um ambiente propício ao desenvolvimento de sua capacidade crítica e reflexiva e assim minorar o problema da inibição, ausência de reflexão e falta de motivação do aluno para estudar. A hipótese levantada é a de que isso se torna possível quando o professor, ao refletir sobre antigos paradigmas e práticas, procura oferecer ao aluno uma metodologia mais ativa e reflexiva, um ambiente propício ao desenvolvimento de sua capacidade crítica e autonomia cuja aquisição se apresenta, ao mesmo tempo, como condição e produto do ensino do piano, da forma como é proposto neste trabalho. A análise e discussão dos resultados permitiram confirmar a hipótese levantada.