“Para ser bonita e bela não preciso andar ornada”: a construção da diva na música brasileira popular e de concerto entre 1950 e 1960 – Amplificar

“Para ser bonita e bela não preciso andar ornada”: a construção da diva na música brasileira popular e de concerto entre 1950 e 1960

Resumo

Este artigo analisa imagens de mulheres intérpretes em programas de concerto e capas de discos da música brasileira popular e de concerto entre 1950 à 1960, observando os processos de construção da figura feminina como “diva”, seus elementos de representação e produção de sentido, com foco nas práticas e repertórios em circulação na cidade de Porto Alegre neste período. Abordamos estes documentos como fonte para uma história da interpretação e da iconografia musical, entendendo que as representações associadas a cada um destes repertórios podem produzir diferentes padrões de imagens, e compreendendo que tais características contribuem para o entendimento da construção de identidade em mulheres musicistas. Ao mesmo tempo em que ambas são imagens das intérpretes, podemos presumir que exista uma maior autonomia de escolha da musicista nas fotografias que eram enviadas para divulgação, ao passo que as capas de discos comporiam um produto direcionado à um mercado especifico. Observamos a existência de padrões de corporeidade repetidos, apontando para a reiteração de um feminino contido, recatado, sem adornos excessivos, compondo um personagem socialmente aceito. Ao mesmo tempo, aparecem elementos diversos, que apontam para a figura de “Diva” no plural, apresentando, mesmo dentro de um âmbito estrito, uma diversidade de figuras femininas.

This paper analyzes women performers’ images printed on concert programs and record sleeves of the brazilian popular and classical music from 1950 to 1960, observing the processes that lead to the construction of the female figure as a “Diva”, its representation elements and meaning productions, focusing on the practices and repertoires that circulated in the city of Porto Alegre by this period. These documents are addressed as sources for a history on performance and musical iconography, understanding that the representations associated with each of these repertoires can produce different imagery patterns, and also realizing that such characteristics contribute to the understanding of identity construction in female musicians. While they’re both the interpreters’ images, we can assume that, on concert programs, the artist has a significantly wider space to make choices in relation to the images that would go on disclosure, whilst record sleeves were products destined to a specific market. We observed the existence of repeated corporeity patterns, pointing to the reiteration of a restrained, modest and unornamented feminine, which composes a socially accepted character. Withal, several elements appear, pointing to the “Diva” figure in the plural, presenting, though in a strict scope, a diversity of female figures.

As informações apresentadas acima usam a grafia do original.